Um dos instrumentos mais populares e icônicos da música mundial. Do rock ao samba, passando pelo blues e jazz, ela está presente em praticamente todos os estilos. No entanto, muitos se perguntam: quem foi o inventor da guitarra? Como esse instrumento se desenvolveu ao longo dos séculos até se tornar o símbolo musical que conhecemos hoje?
Aqui no RC, vamos conhecer com muito detalhe a fascinante trajetória da guitarra, desde suas raízes mais antigas até os dias atuais. Vamos descobrir quem esteve por trás de sua criação, como evoluiu seu formato e som, além de compreender o impacto cultural que ela trouxe para a música e para a sociedade.
A origem antiga dos instrumentos de corda
Antes de falarmos diretamente sobre a guitarra, é importante entender que ela faz parte de uma longa linhagem de instrumentos de corda dedilhados. Muitos desses instrumentos surgiram há milhares de anos e serviram de base para o que mais tarde se tornaria a guitarra moderna.
Na Mesopotâmia e no Egito antigo, já existiam instrumentos semelhantes a harpas e alaúdes. Esses modelos primitivos tinham cordas esticadas sobre um corpo de madeira e eram tocados com os dedos ou com palhetas rudimentares. Embora muito diferentes da guitarra atual, eles já apresentavam o princípio básico da vibração da corda para produção do som.
Com o passar do tempo, esses instrumentos chegaram à Europa por meio das rotas comerciais e das invasões culturais. O alaúde, por exemplo, tornou-se extremamente popular durante a Idade Média e o Renascimento. Sua forma oval e som suave encantaram músicos e compositores por séculos.
A vihuela espanhola e a transição para a guitarra
Durante o século XV, na Península Ibérica, surgiu a vihuela, um instrumento que pode ser considerado o antecessor direto da guitarra. A vihuela tinha um formato mais parecido com a guitarra atual, com corpo plano e curvas marcadas. Possuía de cinco a seis ordens de cordas (duplas) e era tocada com os dedos, o que favorecia melodias e harmonias mais complexas.
Nesse período, a Espanha começou a desenvolver sua própria tradição musical baseada na vihuela. Aos poucos, esse instrumento foi sendo transformado, simplificado e adaptado, até resultar na guitarra barroca, que já apresentava características mais próximas do que temos hoje.
A guitarra barroca era menor que a atual, com cinco cordas simples ou duplas, e muito utilizada em acompanhamentos vocais e danças populares. O timbre era mais suave, e sua construção variava conforme a região e o luthier (fabricante de instrumentos).
A evolução da guitarra clássica
Durante os séculos XVIII e XIX, a guitarra foi ganhando espaço na música erudita europeia. Grandes nomes como Fernando Sor e Francisco Tárrega ajudaram a consolidar o repertório clássico para guitarra, explorando ao máximo as possibilidades harmônicas e melódicas do instrumento.
Foi nesse contexto que surgiram os primeiros modelos da guitarra clássica moderna. O espanhol Antonio de Torres Jurado é considerado o grande responsável pela padronização do design da guitarra tal como conhecemos hoje. Ele viveu entre 1817 e 1892 e inovou ao criar um corpo maior, com caixa de ressonância reforçada e melhor projeção sonora.
Além disso, Torres introduziu o uso de um sistema interno de leques de madeira que ajudava a distribuir o som de forma mais uniforme. Essas mudanças permitiram que a guitarra tivesse um som mais potente e equilibrado, ideal tanto para concertos quanto para ambientes mais intimistas.
Por essa razão, muitos estudiosos consideram Antonio Torres como o “pai da guitarra moderna”. Ele não a inventou do zero, mas foi quem definiu sua estrutura definitiva, servindo de base para todos os modelos seguintes.
A revolução da guitarra elétrica
Até o final do século XIX, a guitarra ainda era um instrumento acústico, ou seja, seu som dependia exclusivamente da vibração das cordas sobre a caixa de madeira. Isso limitava seu volume, especialmente em apresentações com outros instrumentos mais potentes, como metais ou percussões.
Foi então que, no início do século XX, começou uma nova fase na história da guitarra: o surgimento da guitarra elétrica. Esse avanço mudou tudo.
O primeiro passo nessa direção foi dado com a introdução de microfones e captadores magnéticos, que transformavam a vibração das cordas em sinais elétricos. Esses sinais podiam ser amplificados por meio de caixas de som, permitindo que o instrumento fosse ouvido em grandes espaços.
Embora várias pessoas tenham contribuído para essa inovação, o nome mais conhecido nesse processo é Les Paul, um músico e inventor norte-americano. Ele desenvolveu uma das primeiras guitarras de corpo sólido (sem caixa acústica), o que reduziu drasticamente a microfonia e aumentou a sustentação do som.
Ao lado de Les Paul, também é impossível não mencionar Leo Fender, criador da lendária Fender Telecaster, lançada em 1950. Esse modelo foi o primeiro a ser produzido em escala industrial e se tornou um marco na história da música. Pouco depois, vieram outros modelos emblemáticos como a Fender Stratocaster e a Gibson Les Paul, cada uma com sonoridades únicas que marcaram gerações.
O impacto da guitarra no século XX
A popularização da guitarra elétrica coincidiu com o nascimento do rock and roll e de uma nova juventude ávida por expressão e rebeldia. Artistas como Chuck Berry, Jimi Hendrix, Eric Clapton e Jimmy Page transformaram a guitarra em um símbolo cultural poderoso.
Mais do que apenas um instrumento, ela passou a representar uma forma de identidade, criatividade e liberdade. Com técnicas como bend, vibrato, tapping e distorção, os guitarristas passaram a explorar timbres jamais imaginados anteriormente.
O impacto foi tão grande que, em muitas bandas, o guitarrista se tornou o centro das atenções, quase tão importante quanto o vocalista. Solos virtuosos, riffs marcantes e performances energéticas passaram a definir o estilo musical de inúmeras gerações.
A guitarra nos dias atuais
Hoje, a guitarra continua sendo um dos instrumentos mais versáteis e populares do mundo. Embora tenha enfrentado desafios com a ascensão da música eletrônica, ainda mantém um espaço fundamental em diversos gêneros.
Modelos modernos contam com tecnologia de ponta, como captadores ativos, pedais digitais e interfaces com computadores. Além disso, há guitarras com diferentes números de cordas (de sete, oito ou até mais), além de variações híbridas que combinam aspectos acústicos e elétricos.
Ao mesmo tempo, a guitarra clássica segue viva e respeitada, sendo usada em recitais, peças contemporâneas e músicas tradicionais.
Curiosidades sobre a guitarra
- A palavra “guitarra” vem do termo latino cithara, que por sua vez se origina do grego kithara, um antigo instrumento de cordas.
- Existem guitarras feitas com materiais exóticos, como fibra de carbono ou acrílico transparente.
- A guitarra mais cara do mundo foi vendida por cerca de 6 milhões de dólares em um leilão beneficente. Ela foi assinada por diversos astros do rock.
- Alguns guitarristas, como Pat Metheny e Steve Vai, usam instrumentos com múltiplos braços e cordas adicionais para criar sonoridades únicas.
A história da guitarra é rica, complexa e cheia de reviravoltas. Desde seus ancestrais da Antiguidade até as versões modernas cheias de tecnologia, ela passou por inúmeras transformações. Embora não haja um único “inventor” da guitarra, nomes como Antonio Torres, Les Paul e Leo Fender foram fundamentais para sua evolução.
Ao compreender sua origem e desenvolvimento, é possível valorizar ainda mais a importância desse instrumento que marcou, e continua marcando, a trilha sonora da humanidade. Seja no palco, no estúdio ou em casa, a guitarra segue conquistando corações e inspirando novas gerações de músicos.
Voltar ao passado para entender a história da guitarra é mais do que aprender sobre música — é também mergulhar na história da criatividade humana. Se você gostou deste conteúdo, continue acompanhando o Rota do Conhecimento. Em breve, teremos mais artigos com curiosidades, informações e descobertas fascinantes sobre o mundo que nos cerca.